O evento foi aberto com o Grupo Cultural Onogda, da Associação Martiliano Manoel Lyra (AMALYRA), cantando o Hino Nacional em ritmo africano. O grupo também entoou, com a ajuda dos babalorixás e ialorixás, os cânticos de Candomblé. O ogã da Casa de Caridade Pai Benedito de Angola, Valdinei Rosa, emocionou a todos os presentes com o Hino da Umbanda e uma saudação para todos os orixás e entidades.
Para a dirigente espiritual da Casa de Cláudia e vice-presidente do MUDA, Marilena Mattos, “O mapeamento vai poder mostrar a todos, a quantidade de casas umbandistas e candomblecistas. A sociedade precisa aprender a respeitar toda e qualquer religião. Temos que ter força, mas força com união. Temos que ter união, mas união com conhecimento. Temos que ter conhecimento e conhecimento só através do mapeamento”, exaltou.
- Essas casas de Umbanda e Candomblé que estão em Meriti, contribuem social, cultural e politicamente com a cidade. Porém, continuam sendo marginalizadas. São as principais vítimas de intolerância religiosa. Esses terreiros são muito importantes para São João de Meriti. Queremos implementar essa política com o apoio dos umbandistas e candomblecistas. O Estado precisa colocar uma agenda para as religiões de matriz africana. O censo é uma ação coletiva, fundamental para fazermos políticas públicas – ressaltou a superintendente da SUPPIR-MERITI, Leila Regina.
- Esse evento é de natureza religiosa e temos que ter a sensibilidade para saber de sua importância. Como secretário de Nova Iguaçu, no governo do Lindberg, tive a oportunidade de participar do censo. Nosso maior desafio não é saber quantos terreiros temos em Meriti. Nosso maior desafio é imaginar como as casas de Umbanda e Candomblé cumprem um papel em uma cidade marcada pela exclusão. Estamos num momento de reparação histórica.O que estamos propondo aqui é sério e importante – afirmou o secretário de Assuntos Institucionais, Helio Leite Porto.
Segundo a ialorixá do Ile Omolu Oxum, Meninazinha da Oxum, “Estamos caminhando a passos largos e temos que continuar lutando pelo reconhecimento de nossas causas. Estou muito feliz em estar aqui e quero pedir meu muito obrigado”, agradeceu.
De acordo com a dirigente espiritual da Casa de Caridade Pai Benedito de Angola, Zilmar Duarte, “A responsabilidade é de todos nós. Não é só do governo. É de cada um que vai abrir sua casa para receber. Cabe a nós divulgar para outras casas. Muitos dirigentes de terreiro ficam ressabiados. Nós que acreditamos temos que divulgar para que o mapeamento não seja em vão. Nós vamos apoiar o mapeamento. Esse mapeamento é importantíssimo e não pode ficar pela metade”, afirmou.
O doté do Kweji Sobo Bomin, Dica de Azussun, falou sobre a importância do reconhecimento do sacerdócio nas religiões afro-brasileiras: “Nós temos que ser reconhecidos. Como os bispos e padres, temos que ter o direito de outorgar um casamento perante a lei”, reivindicou.
A ialorixá do Ile Ase Ala Koro Wo e fundadora da AMALYRA, Torody de Ogun, disse que o Candomblé contribui com a economia de Meriti. “Nós recebemos todos com amor e carinho. Nossa religião alimenta. Nós contribuímos com a economia do local onde o terreiro é incluído. Nós queremos que São João possa mostrar nossa cara, nossa realidade e o quanto nós consumimos”, encerrou.
Ao término do encontro todos se confraternizaram em um coquetel. A noite foi encerrada com o batuque de um samba de roda. Os atabaques e diversos instrumentos não deixaram ninguém ficar parado.